Conto criado a partir de um exercício de escrita criativa por: Thaisa Lima, Lili Dantas, Jaira Costa e AMR Wolff
Exposição de Arte
― Eu ainda não consigo acreditar! A Gabi me convidou pra ir com ela naquele negócio de arte que esqueci o nome… É exposição de arte moderna ou algo parecido com isso. Mô, eu vi Jesus na boca de um gorila! Dá pra acreditar numa coisa dessas? Eu estava lá, passeando tranquilamente entre esculturas esquisitas e quadros malucos, quando olhei pro lado e pá: Jesus na boca do macaco flamejante. Foi aquele impacto!
― Jura?! Que porra é essa? ― Continuei minha narrativa sem responder à pergunta.
Sai o mais rápido que pude daquela área. Aquilo era um circo bizarro! Até que ponto iria a imaginação humana? Entrei em outra sala e encontrei várias pessoas paradas em círculo, observando alguma coisa. Nem todos conseguiam ver o que havia no seu centro então esticavam seus pescoços e empurravam os outros. Pensei em seguir direto, mas ouvi tantos “Oh!” e “Ah!” que a minha maldita curiosidade venceu. Obriguei meu corpo a voltar e me enfiei no meio das pessoas para ver o que estava exposto ali.
O que vi me deixou de boca aberta. Um homem de corpo extremamente definido, besuntado em óleo, estava deitado seminu com os olhos fechados. Fiquei tão em choque com a cena que meu olhar percorria cada centímetro daquele corpo por vontade própria, devorando cada pedacinho daquele deus grego, seguindo pelo caminho da perdição até o centro da felicidade, coberto por uma pequena toalha de mesa xadrez (para minha infelicidade) com uma maçã acima do brinquedinho. Claro que omiti a parte de minhas reações para meu ouvinte.
O homem da maçã rebolava lentamente, fazendo-a girar em torno de si, gerando os tais “Oh!” e “Ah!”.
Eu fiquei olhando praticamente hipnotizada a maçã girando no negócio do cara. Aquilo ali só podia ser uma pegadinha. O cara era gato, tinha o corpo perfeito… Que porra de exposição estranha! Nunca tinha visto nada daquilo na vida. Tá, eu não fui em muitas exposições, mas aquilo parecia mais com um evento de sexy shop e nisso eu já tinha ido uma vez.
A Gabi falou alguma coisa ao meu lado, mas eu juro que não escutei nada, tamanho o meu foco na maçã. Não era bem na maçã… Aquele, de longe, foi o evento mais bizarro que já presenciei. O cara deve ter ganhado uma boa grana para fazer aquilo. Minha amiga chamou para continuarmos vendo o resto da exposição e eu fiquei com medo do que podia ter mais para frente: Uma sala com orgia? Um cara nu pendurado na parede?
― Você tem certeza que estava em uma exposição de arte? Isso tá parecendo uma masmorra de BDSM bizarra…
Ele me olhou desconfiado, passando a mão no cabelo quase todo grisalho.
― Certeza, certeza… Eu não tenho. A Gabi disse que era, mas agora que você falou…
― E a porra do macaco com Jesus na boca? Explica isso que estou curioso.
― Era um quadro enorme, tão impressionante, que parecia 3D! – disse fingindo entusiasmo, ainda pensando no deus grego de abdome definido com a droga daquela toalha xadrez cobrindo as partes mais importantes. ― O gorila flamejante segurava uma latinha do guaraná Jesus e chupava o líquido pelo canudinho.
― Deve ser impressionante mesmo, pra você estar aí parada com esse olhar perdido e estranho… – disse Antônio, com ar desconfiado.
― Você não faz ideia, meu bem. Não faz ideia. ― Foi só o que consegui dizer, escondendo o sorriso.
― E o que mais você viu nesse circo? ― perguntou com ar de enfado. Contudo, após 12 anos de casamento, o conheço muito bem e sei que ele estava morrendo de curiosidade.
― Eu falei sobre a seção de roupas íntimas estranhas?
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