Crônica | Terras desconhecidas

 


Terras desconhecidas 

Thaisa Lima

 

Já estive em muitos lugares. Dos mais diversos que você possa imaginar. Alguns furaram a pele branca e sensível da parte mais importante do meu ser; outros  queimaram, maltrataram, feriram, provocando muita dor. Houve aqueles que foram verdadeiros oásis, e me fizeram refestelar nas mãos macias a me acariciar. Um dia – e desse não esqueço jamais -, andei em terras desconhecidas. Esse dia me proporcionou um misto de sensações. Sensações aterrorizantes e maravilhosas, ao mesmo tempo. A terra fértil, repleta de verde por todos os lados, carregava a esperança, o novo, o medo do desconhecido e do recomeço. O cheiro de chuva, exalando do asfalto fumegante a me queimar, deixou-me amedrontado, ansioso, de olho no futuro tão próximo. Foi nesse dia, em algum lugar do Mato Grosso, perdido na imensidão de uma floresta cortada por uma estrada, onde fiquei, frente a frente, com o ser mais belo que já vi na vida: um Lobo Guará. Seus olhos assustados ao se depararem comigo, refletiam o meu pavor de um amanhã incerto, do reinício, onde, mais na frente, descobri ser o começo da ruína de um casamento já falido. Pisei em terras desconhecidas e acabei encontrando a mim mesmo.

O texto acima foi criado na oficina “A poesia como origem e destino do ser”, proposta de exercício da palestrante Mariana Ianelli. Foi um exercício de texto livre, onde teríamos que narrar a partir do ponto de vista de uma parte do nosso corpo.

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