Eterno Carnaval
Microconto de Thaisa Lima
Da sua janela ele observava o bloco passar. Tudo era tão diferente em sua época… Um sorriso banguela brotou em seus lábios enrugados ao recordar de outros carnavais. Seu corpo debilitado já não permitia que caísse na folia, mas, felizmente, sua mente não tinha amarras. Fora ali, naquela mesma janela, há 70 anos atrás, que ele a viu pela primeira vez. A saudade machucando trouxe uma dor aguda em seu coração tão falho; respirar tornou-se difícil. Ele observou uma última vez os foliões passando e fechou os olhos; Sentiu um toque conhecido em seu rosto decrépito. O perfume doce invadiu suas narinas e ele a viu, linda, a sua colombina. “Vamos meu velho”, ela disse beijando-o nos lábios. “Esperei 90 anos por este momento, querida.” Segurando a mão dela, levantou-se sem dificuldade. Um amor nascido no carnaval ganhou a eternidade.
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